A 80ª edição do Pão com Manteiga teve como consultora Mariela Castro, “uma especialista em ajudar as pessoas a se comunicarem melhor”. Falando mais formalmente, ela é jornalista e publicitária, sócia-diretora da consultoria Communication Advisors e autora do blog Mídias Sociais, do portal da revista Exame. Veio bater um papo sobre a gestão do conteúdo publicado nas redes sociais.
Quem também participou e enriqueceu o encontro foi Silvia Pasini (Cia. do Metrô), Eliza Trindade (ESPRO), Daniel de Jesus (Hospital Sírio Libanês), Giulia de Marchi (IBM do Brasil), Vanessa Alves (Liberty Seguros), Fabio Auricchio e Tânia Magalhães (Oracle), Marina Simões (Pepsico), Felippe Toloi (Sky) e Janaína Silva (Sustentax).
Em um mundo repleto de prosumidores – produtores e consumidores de conteúdos em que a velocidade e quantidade de informação que recebemos são exacerbadas, torna-se natural a preocupação com a qualidade do conteúdo nas mídias sociais. Por que um site de qualidade como, por exemplo, o TED, onde pensadores compartilham em breves vídeos excelentes ideias, quase não tem acessos? Por que alguns blogs ou páginas no Twitter, com conteúdo pouco relevante (pouquíssimos, na verdade) tem milhões de seguidores? E o mais preocupante: como, mesmo assim, tornam-se grandes influenciadores no mundo virtual?
A superficialidade nos é permitida e faz parte da vida, entretanto ela não pode dominar a nossa rotina. Segundo Mariela, seria muito importante existir uma forma de filtrar o que estamos consumindo e produzindo, como uma espécie de curadoria de conteúdo
Uma possível explicação é o fato de que a conectividade assume maior importância do que a mensagem gerada por ela. “O que as pessoas querem é se sentir em rede”, explica a jornalista. Uma excelente referência a essa superficialidade das relações humanas é relatada pelo sociólogo Zygmunt Bauman, no livro “Amor Líquido”, que traz o exemplo de uma pessoa que sai do trabalho e, durante o trajeto para casa, fica o todo o tempo ao telefone com alguém que a aguarda. Porém, ao chegar em casa, ao invés de interagir com essa pessoa, vai para o seu quarto e liga o computador.
Nas empresas, é perceptível a existência de um valioso capital intelectual. Mas, muitas vezes, isso não se reflete em bom conteúdo nas mídias sociais. Isso pode ser explicado pela falta de uma comunicação madura e cultura organizacional digital, possibilitando que a participação nas redes seja efetiva.
Giulia de Marchi, da IBM, nos contou que está realizando mesas redondas com funcionários da chamada Geração Y para entendê-los melhor. Uma dos anseios manifestado pelo grupo, foi o de ouvir opinião para construir massa crítica. Ou seja, querem conteúdo para poder gerar. A partir disso, está trabalhando na captação de “embaixadores” para participar das redes sociais da companhia.
Fabio Auricchio e Tania Magalhãoes, da Oracle, trouxeram um importante conceito para o Pão com Manteiga: para gerar informação, seja em mídias sócias ou meios convencionais, as empresas precisam agir como um ecossistema comunicacional. Ou seja, deve viver, interagir e ter relação direta com todas as ‘comunidades’ da organização.
Todos os participantes apresentaram vivências de seu dia a dia corporativo, mas o fato é que são diversos os aspectos que colaboram para a falta de conteúdos relevantes no meio eletrônico, seja no âmbito corporativo ou pessoal. Está nas mãos dos comunicadores o desafio de ‘criar vida (mais) inteligente na internet.’
Como vamos fazer isso? A discussão continua aberta!
Blog KF 