Marca? Parece óbvio, mas é bom afirmar: branding é mais que marca. Muito mais. Mais do que o design. Trata-se de um conceito holístico. Carrega memória, presente e futuro de uma organização.
É a alma do negocio. Assim sendo, nela temos que enxergar a estratégia da empresa. Seu posicionamento. Quem ela é, e onde quer chegar.
Assim começou a 95º edição do Pão com Manteiga, que contou com a presença e consultoria de Jeaninne Mettes, especialista em branding e diretora da consultoria Brand Up.
Branding é uma poderosa ferramenta de gestão estratégica. Por meio dele criamos, construímos e administramos a imagem e a marca de uma empresa no mercado. Um trabalho tão desafiador quanto fascinante.
O primeiro passo para um bom trabalho de branding, começa dentro da organização, com seus funcionários. Estes devem ser os primeiros embaixadores de uma marca. É para este público que deve acontecer a entrega da primeira promessa de marca. A empresa é realmente aquilo tudo que foi prometido? Um trabalho transparente de branding junto aos empregados é o primeiro e indispensável passo para a satisfação, colaborando para um bom clima organizacional, engajamento e – consequentemente – maior produtividade.
A partir dai, empresa e marca começam a dialogar positivamente com o mercado, no sentido de entregar permanentemente suas promessas.
A venda é apenas uma das experiências de marca. O público – todos eles – têm diversos pontos de contato: É de qualidade? Como vai se dar meu relacionamento no pós-vendas? É uma empresa sustentável? O que ela faz pela minha comunidade? Onde mais está presente na minha vida? Estas são perguntas cada vez mais frequentes para as organizações.
Exemplos
E como estão os trabalhos de branding no Brasil. Podemos não ser o maior exemplo para o mundo, mas estamos em um estágio bem avançado e evoluindo sempre. Segundo Jeaninne “As empresas brasileiras estão muito à frente, por exemplo, de diversos países da América Latina. Percebe-se um investimento muito grande em educação sobre o tema. É claro que isso leva tempo: nascimento, consolidação, solidificação, posicionamento de uma marca são trabalhos de longo prazo. E permanentes”.
Trata-se afinal de uma ferramenta a para o gerenciamento do negócio. Que vai inspirar pessoas a comprar um produto, uma ideia, uma atitude.
Para citar um exemplo bem didático e bem recente, vamos falar da marca ‘Governo Brasil’. Há promessas administrativas por parte dos políticos, que ficam muito distantes da realidade da população. Transporte, educação, saúde, seriedade administrativa são prometidas, mas não são entregues. Isso gera descontentamento por parte do público que se volta contra a marca. Neste caso, culminou nas manifestações que temos acompanhado. Nada mais normal. Compramos algo, que não foi entregue. Vamos reclamar com quem vendeu.
Os exemplos positivos também são muitos.
Livia Dugais da área de comunicação corporativa do grupo Takeda, e uma das presentes no Pão com Manteiga, lembra que empresas japonesas tem uma cultura diferenciada. São muito ligadas à cultura empresarial, o que faz com geralmente tenham um belo trabalho de branding. “Lá praticamos o Takeda-ismo, que resumidamente consiste em um comprometimento com a cultura, missão, visão e valores da empresa, trazendo-os para o nosso dia a dia.”
Renatta Giraldi, da Bluestar Silicones concorda. Criada a partir da compra da divisão mundial de silicones da Rhodia, a empresa tem o branding colado na estratégia do negócio. “Nossa preocupação é ser atraente para as pessoas, passar segurança ao nosso público, sendo verdadeiros e entregando o que prometemos”.
Branding é um tema inesgotável e não tem receita pronta. Sobretudo em um mundo onde tudo muda tão rápido. Cada empesa tem um diagnóstico. Uma multinacional que entra no mercado brasileiro. Um banco voltado à classe A que compra um banco popular. Um grupo que possui a cultura de crescimento via aquisições. Cada qual terá seu diagnóstico. E o papel dos comunicadores/consultores acontece na forma de orientação sobre o melhor caminho a seguir. Aquele que vai inspirar as pessoas e construir a trajetória da empresa.