PCM 102 – A construção da relevância

Nara Almeida, relações públicas e gerente de publicações da Aberje e editora da Revista Comunicação Empresarial, entre outras, esteve conosco na manhã de 17 de abril de 2014 para a realização de mais um café da manhã, que contou com a presença das empresas Anglo American, Bosch, Hospital Albert Einstein, Leão e da ECAUSP.

Logo na rodada de apresentação, nossos convidados colocaram suas convicções e dúvidas:

“Uma revista para todo mundo é uma revista pra ninguém.” Maurício Felício, ECAUSP

“Mas porque vamos fazer isso? Tá relevante? Estamos na onda de ouvir o outro.” Giovana, CI Bosch

“A questão de relevância tem a ver com o ouvir, com o pensar. A construção conjunta do ouvir é o poder de transformar a sociedade.” Paula, RH da Bosch

“A questão da diversidade é forte na Instituição. Falamos e escrevemos para múltiplos públicos.” Aline, estudante de RP, estágio em CI no Albert Einstein

“Até que ponto dá pra ser relevante e eficaz dentro de um hospital, onde um dos públicos é o paciente?” Isabela, jornalista em CI no Albert Einstein

“Criar relevância é falar de um jeito que sua mensagem seja absorvida.” João El Helou, publicitário e sócio da KF Comunicação

“Ser relevante é entender como o outro vai entender a mensagem. O diálogo nos ajuda a definir formatos da comunicação.” Wagner, Leão, comunicador visual e pós graduando em comunicação corporativa

“Temos uma tendência a subestimar o operador e o desafio do off-line nas soluções. No momento em que a sociedade se habitua com mensagens curtas e superficiais, como informar temas como segurança e promover mudança de atitude?” Claudia D’Amato, Anglo American

O que, então, passa a ser compreendido como relevante na elaboração de um projeto editorial no ambiente das empresas e da comunicação empresarial? Perguntamos a Nara Almeida.

Na sua visão, as publicações impressas estão submetidas a uma crescente concorrência desde sua origem. As revoluções da comunicação culminaram, na pós-modernidade, em disputa permanente não apenas com outras publicações e plataformas de comunicação e informação, mas com todas as interfaces cotidianas que competem pelos recursos de nossos públicos – sendo o tempo e a atenção os mais raros e concorridos.

Para Nara, tudo começa no atual papel das empresas na sociedade brasileira. Ela afirma que as instituições vem perdendo espaço (igreja, família, escola), enquanto as empresas assumem um papel de formação de sociedade. Para a nova geração, o trabalho é uma forma de exercer sua vida, não para ganhar sua vida. Por isso, a empresa é parte de quem o indivíduo é.

“O trabalho é a forma como a gente formaliza nossa ideologia. Há banalização do trabalho de comunicação empresarial. Permitimos o aceite de pedidos. Precisamos perguntar porque.

O mercado de trabalho brasileiro é composto por não leitores. Por outro lado, somos um público relacional muito forte. Devemos procurar o entretenimento pela leitura. Como o serviço também. É ter uma linguagem plena e adequada, que facilite o entendimento. Há necessidade de praticar “jardinagem” para cultivar o entendimento. A relevância começa nas escolhas do que comunicar e porque comunicar. Caso contrário criamos ruído.”

Na sua opinião, nós editores de revistas empresariais somos cuidadores da informação. Somos organizadores do espaço simbólico que representa aquela empresa. Mas o espaço é da empresa, não é um espaço autoral, somos transmissores das mensagens. Precisamos pensar que os conteúdos que estamos produzindo são para serem sedimentados, pois há uma saturação, não cabe mais informação. Estamos sendo impelidos para chegar mais rápido, mas estamos chegando vazios. É fundamental estar sintonizado com o ambiente e calibrar o conteúdo a cada edição de uma revista.

A construção editorial baseada na experiência da Revista Comunicação Empresarial

Na Aberje, vemos a revista como uma plataforma relacional, além de informativa e de formativa. De diálogo com nosso público, definiu Nara. Como somos uma associação que advoga a causa da comunicação empresarial, entendemos que a revista não deve ser uma publicação somente para o comunicador, deve ser dirigida para os demais profissionais de áreas afins e que compõem o ambiente empresarial.

O veículo precisa ter uma vocação. Ter propósito. Ter objetivo. Ela recomenda foco no leitor e no momento que o leitor está vivendo. “Na Aberje, abandonamos a concepção de um house organ, do que aconteceu na Associação. Temos em mente um personagem o tempo todo. Esse personagem é nosso leitor. Pensamos em sua rotina. Lemos a revista como esse leitor a lê, enfim, nos colocamos no lugar dele para ser relevante.”

Recomendações para garantir a relevância em publicações empresariais

  1. Começar pela identificação dos perfis dos personagens. A pauta deve sugerir uma conversa entre esses personagens, criando-se percentuais de conteúdos para esses públicos.
  2. Apresentar uma capa limpa, dar foco nas manchetes.
  3. Antecipar tendências e direcionar. Trazer temas novos. Não focar sempre nos mesmos desafios.
  4. Oferecer um benefício claro para o leitor. Pode ser informativo, opinativo e/ou conversacional (onde ele se vê, se orgulha e se sente parte).
  5. Trabalhar a publicação na ativação. É aí que começa o trabalho de despertar interesse pelas informações que estão apresentadas. Assegurar que a revista chegou e levantar o que o leitor achou.

102ª frase inspiradora para quem trabalha com comunicação empresarial

“A revista é um vínculo e a comunicação afetiva é aquela baseada no relacionamento. O ser humano precisa de relações, de sentido, não somente de informação. Por isso, devemos cuidar da qualidade das relações.”

Nara Almeida

PCM 101: Como comunicar melhor em 2014 com Karen Gimenez

101ª Frase Inspiradora: O mundo vai além a comunicação

Como tornar os produtos e os conceitos de Comunicação tangíveis? Como evitar as armadilhas no relacionamento com clientes internos e externos? Como se posicionar de maneira estratégica e não operacional? As respostas couberam a Karen Gimenez, jornalista com pós-graduação em estratégia empresarial e gestão do terceiro setor, Master Coach e Master em Neurolinguística, consultora convidada pela KF Comunicação para abrir a temporada 2014 do Pão com Manteiga. As empresas CCEE, IIR, Integru, Porto seguro e Sabesp estiveram presentes.

Não satisfeita com as perguntas anteriores, Karen iniciou a conversa com mais uma: Como é a formação profissional do comunicador empresarial?

Vamos pensar na Comunicação quando ela não é core business de uma organização, o que é muito comum, pois o processo é apoio na maioria das vezes.

Nesse cenário, o “Eu acho” não pode ser argumento do comunicador paranegociar planos, ações ou projetos nessa área. Uma vez usado, nos igualamos ao nosso interlocutor e saímos da posição de especialistas, pondera Karen.

Para evitar isso e ter atitude pró ativa, ela recomenda novos caminhos:

  1. Ouvir / entender a necessidade do cliente interno. Evitar falar, a técnica da palavra é nossa, mas nosso conhecimento não é técnico. É preciso se colocar na necessidade do nosso interlocutor.
  2. Vamos investigar a origem da necessidade para poder aportar a nossa técnica.
  3. Com perguntas a gente começa a mostrar nossos argumentos.
  4. Fazer pesquisa, levar argumentos, mostrar segurança. Fazer benchmarking para ilustrar soluções. Ter o cuidado para se preparar para conversa. Reconhecer o público, levantar perfil.
  5. Evitar só a intuição.
  6. O embate bloqueia a negociação.

Ou seja, se as organizações funcionam por processo, devemos cuidar do processo de comunicação.

Como se posicionar de maneira estratégica e não operacional?

Elevando o patamar de nossas respostas, afirmou Karen. “Não podemos mais apresentar o resultado somente pelo número de peças que nós fazemos. Hoje temos ferramentas muito fáceis de usar para chegar ao nosso público. Devemos pesquisar quais ações deram o resultado. Quantas pessoas entenderam a mensagem?”

O quanto a gente sabe ouvir, entendendo todo o contexto da situação?

Rasguemos as palavras EU ACHO e ÓBVIO. Precisamos “ler” o interlocutor além do que ele nos fala. Observar seu comportamento, como alguns sintomas clássicos de pressão: alteração no tom de voz, nervosismo ao falar do assunto etc.

Tem técnica para observar?

  1. Parar para observar, sem conceitos e preconceitos
  2. Abrir os ouvidos e olhos e fechar a boca
  3. Treinar a posição do observador: como um filme, como se eu estivesse em uma janela.
  4. Perceber além

Como tornar os produtos e os conceitos de Comunicação tangíveis?

Como consultora, recomenda uma desconstrução fundamental: o mundo vai além da comunicação. Para tanto, Karen acredita que a neurolinguística deveria ser disciplina obrigatória nas escolas de comunicação.

Portanto, o comunicador precisa:

  1. Ser flexível
  2. Entender o novo cenário
  3. Refazer os passos para a carreira – inserir a técnica
  4. Trazer soluções criativas, mas baseadas no conhecimento técnico
  5. Usar conceitos de comunicação como conceitos
  6. Começar a trabalhar o planejamento da área e da carreira de comunicador para conviver com outras áreas.
  7. Estabelecer metas e comemorar as conquistas. Fazer isso no dia a dia da comunicação.

Como evitar as armadilhas no relacionamento com clientes internos e externos?

  1. Observar a forma de se relacionar.
  2. Cuidar da diferença do pensamento positivo (dados e fatos) com o pensamento ingênuo (não tem análise, é sonho). Pensamento positivo é estar preparado e se formar a partir de um análise. Na vida pessoal, é criar o círculo da consciência positiva e na vida empresarial é criar o círculo da cumplicidade.

“Dentro de nosso sucesso a gente tem que ter vários fracassos”.
Karen Gimenez

Sobre programação neurolinguística (ou simplesmente PNL)

Surgiu na Universidade da Califórnia (EUA) no final dos anos 60 e início dos anos 70 com John Grinder e Richard Bandler. O foco original da PNL foi o estudo dos padrões fundamentais da linguagem e técnicas de três terapeutas renomados e bem-sucedidos Dr. Milton Erickson (hipnoterapia), Fritz Perls (gestalt) e Virginia Satir (terapia familiar sistêmica). Mais tarde, os padrões descobertos foram adaptados visando proporcionar uma capacidade pessoal de se comunicar de forma mais efetiva e também a realização de mudanças.

Seu significado é: ‘como as palavras (linguística) podem atingir a mente (neuro) e produzir uma ação (programação)’. É baseada num conjunto de modelos, estratégias e crenças que seus praticantes utilizam visando uma comunicação positiva e eficiente entre as pessoas e consigo mesmo com o objetivo de conquistar a excelência e o desenvolvimento pessoal e profissional. É baseada na ideia de que a mente, o corpo e a linguagem interagem para criar a percepção que cada indivíduo tem do mundo, e tal percepção pode ser alterada pela aplicação de uma variedade de técnicas.

Apesar de sua popularidade, a PNL continua a causar controvérsia, particularmente para o uso terapêutico, e depois de três décadas de existência, permanece sem comprovação científica. Afirma que a experiência subjetiva humana da mudança jamais se repete, devido à percepção individual, que é um dos fatores que impede a comprovação.

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