86º Pão com Manteiga: Como queremos que seja a comunicação empresarial?

Em um encontro ilustrado por filmes e reflexões, Ana Lúcia Costa Couto, Diretora do Grupo & Companhia Consultoria e Treinamento, e consultora da Fundação Dom Cabral para desenvolver programas customizados de Liderança nos mostrou o quanto é fundamental refletir sobre a prática da comunicação. Se pergunte, independente de ter respostas recomendou ela.

A provocação foi feita para todos presentes Stella Campos e Sheila Ferrari – Hospital Santa Catarina, Priscilla Garcia e Vivian Tavernaro – IBM Brasil, Gabriela da Conceição – IIR Informa Group, Caroline Particelli – Sabesprev e Livia Dugais – Takeda.

Qual o poder da comunicação como agente de transformação? A atuação no mercado é muito diferente do que se aprende na Faculdade?

A Comunicação deve se posicionar para atuar nos momentos certos. O argumento do eu, como profissional, não gosto, não quero assim, não é suficiente para provocar a mudança, afirmou Ana. O que é interessante na relação de gerar valor é levar perguntas: quais são os riscos, qual é nosso público? A necessidade de cuidar gera a demanda. Devemos pensar comunicação de uma forma mais ampla. Um campo de expressão entre públicos.

A CI é realmente estratégica? E como seria se o processo de CI não existisse? O líder seria capaz de comunicar-se com sua equipe de forma neutra e justa?

Priscila da IBM acredita que saber comunicar é muito relevante para uma Organização porque existe a forma de dizer. Não se deve sobrecarregar nossos leitores com conteúdos demais, tudo precisa ser calibrado, e é aí que entra o papel do comunicador.

Na visão de Ana, o fato da CI ainda estar mais no patamar operacional do que no estratégico gera um sofrimento para o comunicador. Quando ele passa a acreditar nisso, para de pensar no que está fazendo e gera o trabalho mecanicamente.

Ana aliviou nossas tensões ao afirmar que o termo estratégia significa um plano para te tirar de um ponto e levar a outro. Sair de onde eu estou para chegar aonde eu quero. O que não significa não ter atividades operacionais. O que precisamos é saber onde estamos e para onde queremos ir.

Estratégia para comunicação é ser útil, ponderou Claudia Cezaro da KF. As pessoas precisam de sentido e de entendimento sobre o que elas fazem. Qual o valor que estou agregando?

O comunicador precisa conhecer a linguagem do business para interagir com o objetivo macro da organização. Entre um e outro existem as pessoas, que são os meios para fazer o processo acontecer.

Quem cuida da gestão de pessoas?

RH e Comunicação juntos pode gerar um bom resultado. As habilidades de marketing contribuem bastante também.

Devemos nos colocar como aliados. Trabalhamos como ilhas e disputamos territórios. Isso é pobre. Vamos pensar juntos e operacionalizar cada um dentro de sua expertise. A ideia é usar todas as forças disponíveis para gerar o alinhamento, para contribuir para os resultados de negócios. Sob o ponto de vista de criar soluções, precisamos nos unir, afirmou Ana.

Como podemos ser inspiradores de uma nova sociedade? Vamos acreditar no imenso papel social da comunicação!

Se o 4º poder é comunicação, como devemos nos aproveitar disso?

A atenção do ser humano está no medo (fuga) ou na oportunidade (abraçar o desafio). Somos capazes de modelar um ambiente só pelo reforço positivo. Uma comunicação inspiradora cria possibilidades, mostra caminhos, traz alternativas.

A questão da humanização e da gentileza precisa ser trabalhada na CI.

Um outro olhar para as situações. Devemos focar nas atitudes.

Trabalhar a qualidade das relações, com simplicidade.

A comunicação deve tangibilizar os valores da corporação.

Gerar símbolos para novas atitudes. Incentivar  e plantar o que desejamos que cresça dentro da organização.

Começamos na área de controle, alcançamos a de influência e depois o mundo…

Qual o papel das organizações?

A comunicação empresarial tem espaço para crescer, deve sair do modelo reativo, buscar pró-atividade e desenhar oportunidades de interação, assim como explorar os recursos existentes na organização para medir os impactos e ser reconhecido como um processo de valor.

Sair da armadilha de ser reativo às demandas; vamos entender o que o cliente deseja. Cuidar dos detalhes. Dar visibilidade para a prática dos valores. Investir em tecnologia para acessar as pessoas.

Cocriar, desenvolver junto, processo colaborativo. Formar redes de comunicação, desenvolver pontos focais nas áreas são caminhos para ir além do reagir e interagir, segundo a vivência da KlaumonForma.

Será que conseguimos influenciar como queremos que esse futuro seja?

Ana nos apresentou o conceito da Comunicação CRIADORA – aquela que desenvolve nova realidade, não responde ao que se tem. Não dá para inovar sem repertório. Se alguém descobriu a água, certamente não foi o peixe, costuma dizer Ana. Se eu vivo nesse contexto será difícil enxergar novas soluções.

Se ficarmos presos a crenças, estamos reagindo a um presente que não queremos, mas não estamos pensando no futuro. Preciso pensar além de uma comunicação funcional e trabalhar o inspiracional. Temos muitas notícias dentro e fora das Organizações que não circulam e que devemos usar.

Por fim, Ana encerrou o encontro com a seguinte frase de Peter Drucker:

A melhor forma de prever o futuro é criá-lo.