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123º Pão com Manteiga

Novas tendências em sustentabilidade 

A temporada 2016 do Pão não poderia ter terminado melhor! A presença do professor Marcus Nakagawa conferiu um tom humano e metafísico para o encontro. Calma, você vai entender porque… E quem esteve presente, pode conferir isso: Carla Metne da Helibras, Cristine Naum da Apoenna, Dimas Moura da Unisys, Heloísa Caprioli da Arcadis, Isadora Roberto da ECAUSP, Michele Gennaro da Eurofarma e Pedro Neto da EDP.

Há um mês do Natal e no momento em que já rolava um cafezinho, Marcus começou dizendo que seus alunos são um bom termômetro da mudança que a sociedade precisa: desejam maior envolvimento nas causas e no dia a dia das marcas.

Formado em propaganda e marketing, aprendeu a vender produtos e por questionar o quanto essa mecânica é poderosa, a ponto de criar necessidades na mente das pessoas e as fazer consumir, Marcus voltou-se para o 3º setor, depois para a Responsabilidade Social e agora para a Sustentabilidade dos Negócios. Dessa forma, ele tem como propósito de vida, entender como funciona o mecanismo de consumo a que todos nós somos envolvidos para aplicá-lo ao engajamento pelos valores, a conceitos e influências positivas.

O mercado e as mudanças

Marcus avalia que hoje voltamos aos tempos de um “velho Brasil”, aquele em que a diferença de classes e a dificuldade econômica pedem um equilíbrio entre gastar e guardar. “Estamos fazendo isso em nossas casas, em nosso orçamento familiar”, exemplificou ele. E na gestão das empresas não é diferente. Há um forte movimento de corte de despesas e um olhar mais atento para o controle de gastos, devido à escassez de recursos financeiros. E é claro que esse cenário impacta a condução de processos de sustentabilidade.

Ao mesmo tempo, há um despertar para o sentido da vida, perceptível nas tendências de espiritualidade, slowfood, naturalismo e compartilhamento, entre tantas outras.

Qual a palavra de ordem nas novas tendências em sustentabilidade?

Acesso. Para Marcus, as políticas públicas e privadas que conduzem à socialização dos recursos são fortes marcos do momento atual e futuro. “O modo de vida oriental está influenciando o ocidental”, afirma.

No mundo corporativo, a principal tendência é que o processo de sustentabilidade seja transversal, como os processos clássicos da administração moderna: qualidade e gestão de pessoas, por exemplo. Lembrando que o conceito de sustentabilidade ainda é muito recente para a história da humanidade e muito mais dentro das empresas. O sentido é de evolução e de crescimento. Cada vez mais, entende-se como gerador de negócios e não só como um posicionamento, devido à escassez e finitude de recursos, à demanda dos clientes e ao acesso a linhas de financiamento, entre tantos outros bons motivos para ser sustentável.

“Moramos em um condomínio chamado Planeta Terra, onde os recursos são finitos e as regras devem ser para todos”, disse Marcus.

Quais são os principais desafios da sustentabilidade no mundo corporativo?

Não viver em função de um PIB (Produto Interno Bruto), mas de um FIB (Felicidade Interna Bruta), recomendou Marcus. Para a metafísica, o campo energético que nos cerca trabalha as relações. Quando são positivas, vibramos bem. Do contrário, adoecemos e nos entristecemos. É o sentimento de muitos profissionais que são contrariados diante de ordens e tarefas que ferem seus valores pessoais. Por isso, ganhou força a experimentação de produtos e serviços. O ambiente de trabalho, a missão e os valores da empresa são “produtos” a serem consumidos pelos colaboradores.

“Devemos criar os jovens com cabeça diferente da nossa, influenciando-os para que vivam com o propósito de um mundo melhor. Aconselho sempre a meus alunos, buscar inspiração na obra de Lester Brown (http://www.wwiuma.org.br/plano_b.pdf), que aponta soluções para os problemas mundiais”.

Por mais contraditória que seja a natureza humana, que valoriza o poder, o dinheiro e o consumo, os termos “Capitalismo Consciente” e “Economia Compartilhada” fazem nascer um movimento de redução no consumo e de aumento no valor agregado. Isso tem futuro!

Na opinião de Marcus, os negócios de impacto social devem mover a sociedade para um novo modelo econômico. Ele cita o Instituto de Cidadania Empresarial como um referência nesse aspecto (http://ice.org.br/).

Qual o perfil ideal do profissional que atua com os objetivos do desenvolvimento sustentável?

Seja você o protagonista da mudança que o mundo precisa! O profissional do desenvolvimento sustentável deve trazer seus valores pessoais para o dia a dia. E driblar as constantes pressões por resultados, muitas vezes ainda na base do “custe o que custar”. Não há mais espaço para ser incoerente coma empresa e nem consigo mesmo. Devemos pensar na perenidade de nossa sociedade pelo impacto proveitoso das relações. Os grandes marcos devem ser lembrados coo referências das boas ações.

O projeto de vida individual passa a ser um projeto de humanidade. Cada profissional evolui e devolve para a sociedade o conhecimento adquirido, de forma aprimorada. “Porém, usamos a linha do tempo de nossa vida, algo entorno de 80/90 anos, para planejar e executar estratégias para os negócios e isso é um fator limitante para ampliarmos nossa percepção de mundo. O intervalo de tempo para a mudança é bem maior e a qualidade de nossa vida se traduzirá nessa evolução”, ponderou Marcus.

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Marcus Nakagawa é professor da graduação e pós da ESPM; sócio-diretor da iSetor; idealizador e diretor administrativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida.