Começamos o ano do Pão com Manteiga

mandrade Na 116º edição do PCM, que abriu a temporada dos cafés em 2016, conversamos sobre como a Comunicação Interna pode atuar para manter a integração e engajamento das equipes diante de momentos de crise. A credibilidade dentro das organizações é fator primordial para superar um momento de crise econômica e moral.

Para Carlota Moraes, nossa consultora convidada, há um claro desafio de reconstrução para a comunicação, o RH e a gestão. Ela conversou com Cristiane Almeida e Jessica Silva da AGC Vidros do Brasil, Cibele Reis e Flavia Moreno Gavioli da Ceva Logistics, Darlene Deuner da Helibras, Thiago de Souza Silva do Hospital Albert Einstein, Laura Meurer da LDC, Ana Beatriz Moreira da Localfrio, Luiz Antonio Misse Mota e Maria Luisa Fassina da Missemota, além de Katia Camata e Cyra Morato Ruggiero.

Qual o papel das comunicação em tempos de crise?

Não devemos fazer da crise algo maior, com apelo emocional. A tomada de decisões precisa ser compartilhada. Mas a insegurança do que será o amanhã, bloqueia. A incerteza gera o silêncio, a não comunicação. Líderes se omitem. E isso gera manobra, gera dúvida.

Cabe ao comunicador fazer leituras sobre a realidade organizacional, de onde os líderes estão falando e o que eles precisam para se fazer entender. Ao mesmo tempo formar redes de comunicação, que uma vez organizadas, dão força e representatividade ao processo de comunicação.

Trazer novas fontes aos conteúdos, além dos líderes, aumenta o interesse dos “colega”. Os “heróis escondidos” trazem a percepção de quem faz e contribuem para a assimilação dos valores organizacionais. Como também, dar importância e preparar o espaço para que a comunicação aconteça. Além de gerir e operar canais/mídias, simbolizar que determinado conteúdo merece atenção, reservando momentos para que o público interno possa absorver a informação.

Qual a interface com a gestão de pessoas?

O ponto de vista de gestão de pessoas é que a crise vai passar. Estamos vivendo um momento de transição. Temos uma falsa ideia de continuidade, por isso temos dificuldade de “ressignifcar” o nosso futuro, colocou Carlota.

Por isso, coloca que o desafio no RH é ajudar os gestores a desenvolver o feeling, a sensibilidade dentro do negócio, além da competência técnica. Nosso argumento de “venda” vem dos vínculos, da qualidade dos relacionamentos. Vem de estar perto, das relações de troca.

“Pior do que a falta de informação ou de resposta, é a mentira”, disse Carlota.

Gestão por competência x gestão por propósito? Eis a questão colocada pela KF Comunicação para construir uma solução que integre RH e Comunicação.

Como fazer o líder ser assertivo na hora de comunicar?

Há uma ilusão na liderança sobre a fluidez da informação dentro do negócio. Dizer o que é se comunicar, é a 1ª conversa. Para Carlota é importante preparar a liderança para fazer essa conversa, para que ela possa deixar claro os entraves, o que pode e o que não pode ser comunicado. Tentar revelar a razão dos medos da liderança e o que a bloqueia na passagem de informação.

Não raro, comunicação é apontada como um dos principais desafios organizacionais. Observa-se que o maior gargalo está na média gerencia, que precisa se sentir preparada e autorizada a falar olho no olho. Uma gestão participativa é comunicação.

É fundamental a liderança se mostrar presente e adotar um comportamento de abertura para se comunicar. Abrir a escuta e conhecer a motivação de cada um. Construído esse cenário, deve haver uma estratégia de envolvimento com os propósitos do negócio.

Como recuperar o engajamento?

Na maioria dos casos, crise implica em demissões. O que temos que fazer é pensar nos que ficam. Como os acolhemos? Damos conforto e motivos razoáveis para entenderem os cortes? O medo vem do desconhecido, das situações novas. Se desejamos que as pessoas continuem querendo estar e representando a empresa como se fosse delas, é preciso falar o significado que as coisas tem. O óbvio é o princípio básico da empatia, afirmou.

 

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Carlota Moraes é psicóloga e pedagoga, com especialização Psicologia Clínica e formação complementar em Psicodrama Pedagógico. Ela é Gerente da OD&M Consulting Brasil. Atua há mais de 30 anos em programas de Recursos Humanos, no desenho, na coordenação e na execução de projetos e processos de Desenvolvimento de Pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como foi planejar a comunicação empresarial em 2015?

Planejamento de comunicação em um cenário de mudanças e incertezas. Este foi o desafio colocado à mesa na 108ª edição do Pão com Manteiga com Ana Claudia Pais em dezembro de 2014. Naquele dia, assumimos o compromisso de nos reencontrarmos um ano depois para avaliarmos como foi aplicar as recomendações que a Ana nos fez.

“Após um ano difícil e tumultuado como foi 2015 e revendo a apresentação que fiz no final do ano passado sobre a importância de se fazer um bom planejamento, só fez reforçar a minha crença e experiência que sem um planejamento muito bem estruturado, alinhado e validado não iremos suceder em 2016. Ambientes de crise e mudança sempre foram propícios para inovar, ganhar relevância e, principalmente, superar. Essa é uma bela oportunidade para o profissional de Comunicação. Esse é o momento de mostrar o nosso valor e quanto a área pode agregar a estratégia da empresa. Hora de focar naquilo que realmente é importante, fazer as escolhas importantes e aprender a desapegar do que não traz valor.”        Ana Claudia Pais

Com a presença de Izolda Cremonine e Marcelo Toledo, ambos acadêmicos na ESPM, Priscila Santana e Juliana Ribeiro Feda Ajinomoto, Ana Paula Sartori e Cecília Ferrarezi da RMA Comunicação, Elaine Watoniki da Helibras, Franciela Fernandes da Secretaria de Estado da Educação e Maria Silvia Monteiro Costa da Seven, conversamos sobre a necessidade de planejar para o obtenção de resultados e do papel do comunicador, que precisa desenvolver maior consciência sobre a importância de sua participação na gestão dos relacionamentos.

A questão do momento de crise no Brasil foi visto muito mais como uma oportunidade para a nossa área do que recessão. É claro que as verbas diminuíram, mas também é claro que o cuidado com a imagem e a reputação (pelo momento de grande corrupção que enfrentamos) faz crescer o interesse pela comunicação.

A capacidade de resiliência foi colocada pelos participantes logo de cara. O profissional de comunicação corporativa, além de executar muito bem as tarefas táticas, precisa se adaptar aos ciclos do negócio para o qual planeja, observando se as ideias propostas continuam efetivas e quais são as necessidades de mudança.

O grupo, ontem reunido, acredita que a reputação da comunicação corporativa vem aumentando a cada ano. E que a natureza de seu planejamento depende do DNA do negócio e da cultura de comunicação dentro dele. Por isso, diagnosticar é o 1º passo para planejar, sendo os demais estabelecer uma estratégia, estabelecer um cronograma, obter recursos e garantir as entregas.

Em um ano como o de 2015, com dramáticos acontecimentos externos ao ambiente da organização, que impactaram a economia e a credibilidade nos líderes públicos e privados, foi muito desafiador manter o planejamento frente à insegurança de cenários.

O professor Marcelo Toledo recomendou o cuidado em falar, sem falar. Para ele é o momento de sermos pragmáticos e objetivos para garantir a efetividade das mensagens corporativas. “Precisamos ser honestos, simples, ajudar a aclamar os ânimos”, disse.

Eu, como mediadora da mesa, defendi um maior espaço para a “venda” do planejamento de comunicação para a gestão da empresa. “É preciso conquistar aliados, divulgar nosso plano além da nossa área”, ao que a professora Izolda Cremonine recomendou a criação da política de comunicação, que oficializa, documenta e orienta sobre as práticas adotadas pela marca para se comunicar. Para ela, os comunicadores corporativos têm consciência profissional, sabem o que a comunicação faz, mas pouca consciência sobre o seu papel, sobre o valor estratégico de seu trabalho.

Para 2016, os caminhos apontados foram:

  1. Fazer parte da agenda do board; propor a comunicação corporativa, da qual a interna faz parte) como pauta nos eventos existentes, como reuniões estratégica se convenções.
  2. Adotar discurso mais realista, mais exato, “ainda somos muito subjetivos, falamos para nós mesmos, comunicadores”, sugeriu Maria Silvia.
  3. Ser mais racional, “ninguém discute com números”, disse Cecília Ferrarezi, defendendo a adoção de kpis para demonstrar o que o planejamento de comunicação pode alcançar para a organização
  4. Buscar maior aderência das ações de comunicação ao momento da empresa, pensar que a crise é uma oportunidade de ocuparmos espaço, de sermos ouvidos pela gestão.
  5. Trazer a comparação do “antes do planejamento” e do “depois do planejamento” para concretizar o poder de transformação da comunicação; dificilmente explicitamos isso ou usamos isso como argumento para a “venda” do plano.
  6. Fazer uma autoavaliação coo profissionais para obter um novo estímulo pessoal: o que cada um faz e para que serve. Isso ajudará a materializar a entrega dos processos comunicacionais.
  7. Evitar ações isoladas e trabalhar mais o posicionamento de sistema de comunicação, integrando as ações, seja elas internas ou externas, criando conexões.
  8. Não abandonar o foco no público interno, mas assumir o foco no processo, pensando na contribuição à gestão dos relacionamentos como um todo.

12321306_1204497116234321_4533008636304376936_nÉ certo que ainda encontraremos resistências, mas se desejamos atuar na comunicação interna de forma mais estratégica, precisamos ser reconhecidos como gestores da marca corporativa, da imagem e da reputação da empresa, afirmou Izolda. O planejamento não é, ele significa. Deixa de ser início, é a entrega, sendo que o relacionamento com o funcionário é a consequência, concluiu ela.

Para Marcelo, duas características fazem diferença ao planejamento de comunicação:

  1. A adoção de um formato que possa ser tangibilizado; que seja um produto de gestão para o board.
  2. A consideração das seis dimensões cognitivas do comportamento humano: conhecimento, consciência, simpatia, preferência, mudança de comportamento e convicção prioritariamente a qualquer modelo de planejamento, porque respondem melhor ao processamento da informação.

A KF Comunicação agradece pela contribuição de todos e abre espaço em seu blog para contribuições dos profissionais de comunicação corporativa aos caminhos para o planejamento 2016. Que ele seja feito e respeitado. Bom ano a todos!