123º Pão com Manteiga

Novas tendências em sustentabilidade 

A temporada 2016 do Pão não poderia ter terminado melhor! A presença do professor Marcus Nakagawa conferiu um tom humano e metafísico para o encontro. Calma, você vai entender porque… E quem esteve presente, pode conferir isso: Carla Metne da Helibras, Cristine Naum da Apoenna, Dimas Moura da Unisys, Heloísa Caprioli da Arcadis, Isadora Roberto da ECAUSP, Michele Gennaro da Eurofarma e Pedro Neto da EDP.

Há um mês do Natal e no momento em que já rolava um cafezinho, Marcus começou dizendo que seus alunos são um bom termômetro da mudança que a sociedade precisa: desejam maior envolvimento nas causas e no dia a dia das marcas.

Formado em propaganda e marketing, aprendeu a vender produtos e por questionar o quanto essa mecânica é poderosa, a ponto de criar necessidades na mente das pessoas e as fazer consumir, Marcus voltou-se para o 3º setor, depois para a Responsabilidade Social e agora para a Sustentabilidade dos Negócios. Dessa forma, ele tem como propósito de vida, entender como funciona o mecanismo de consumo a que todos nós somos envolvidos para aplicá-lo ao engajamento pelos valores, a conceitos e influências positivas.

O mercado e as mudanças

Marcus avalia que hoje voltamos aos tempos de um “velho Brasil”, aquele em que a diferença de classes e a dificuldade econômica pedem um equilíbrio entre gastar e guardar. “Estamos fazendo isso em nossas casas, em nosso orçamento familiar”, exemplificou ele. E na gestão das empresas não é diferente. Há um forte movimento de corte de despesas e um olhar mais atento para o controle de gastos, devido à escassez de recursos financeiros. E é claro que esse cenário impacta a condução de processos de sustentabilidade.

Ao mesmo tempo, há um despertar para o sentido da vida, perceptível nas tendências de espiritualidade, slowfood, naturalismo e compartilhamento, entre tantas outras.

Qual a palavra de ordem nas novas tendências em sustentabilidade?

Acesso. Para Marcus, as políticas públicas e privadas que conduzem à socialização dos recursos são fortes marcos do momento atual e futuro. “O modo de vida oriental está influenciando o ocidental”, afirma.

No mundo corporativo, a principal tendência é que o processo de sustentabilidade seja transversal, como os processos clássicos da administração moderna: qualidade e gestão de pessoas, por exemplo. Lembrando que o conceito de sustentabilidade ainda é muito recente para a história da humanidade e muito mais dentro das empresas. O sentido é de evolução e de crescimento. Cada vez mais, entende-se como gerador de negócios e não só como um posicionamento, devido à escassez e finitude de recursos, à demanda dos clientes e ao acesso a linhas de financiamento, entre tantos outros bons motivos para ser sustentável.

“Moramos em um condomínio chamado Planeta Terra, onde os recursos são finitos e as regras devem ser para todos”, disse Marcus.

Quais são os principais desafios da sustentabilidade no mundo corporativo?

Não viver em função de um PIB (Produto Interno Bruto), mas de um FIB (Felicidade Interna Bruta), recomendou Marcus. Para a metafísica, o campo energético que nos cerca trabalha as relações. Quando são positivas, vibramos bem. Do contrário, adoecemos e nos entristecemos. É o sentimento de muitos profissionais que são contrariados diante de ordens e tarefas que ferem seus valores pessoais. Por isso, ganhou força a experimentação de produtos e serviços. O ambiente de trabalho, a missão e os valores da empresa são “produtos” a serem consumidos pelos colaboradores.

“Devemos criar os jovens com cabeça diferente da nossa, influenciando-os para que vivam com o propósito de um mundo melhor. Aconselho sempre a meus alunos, buscar inspiração na obra de Lester Brown (http://www.wwiuma.org.br/plano_b.pdf), que aponta soluções para os problemas mundiais”.

Por mais contraditória que seja a natureza humana, que valoriza o poder, o dinheiro e o consumo, os termos “Capitalismo Consciente” e “Economia Compartilhada” fazem nascer um movimento de redução no consumo e de aumento no valor agregado. Isso tem futuro!

Na opinião de Marcus, os negócios de impacto social devem mover a sociedade para um novo modelo econômico. Ele cita o Instituto de Cidadania Empresarial como um referência nesse aspecto (http://ice.org.br/).

Qual o perfil ideal do profissional que atua com os objetivos do desenvolvimento sustentável?

Seja você o protagonista da mudança que o mundo precisa! O profissional do desenvolvimento sustentável deve trazer seus valores pessoais para o dia a dia. E driblar as constantes pressões por resultados, muitas vezes ainda na base do “custe o que custar”. Não há mais espaço para ser incoerente coma empresa e nem consigo mesmo. Devemos pensar na perenidade de nossa sociedade pelo impacto proveitoso das relações. Os grandes marcos devem ser lembrados coo referências das boas ações.

O projeto de vida individual passa a ser um projeto de humanidade. Cada profissional evolui e devolve para a sociedade o conhecimento adquirido, de forma aprimorada. “Porém, usamos a linha do tempo de nossa vida, algo entorno de 80/90 anos, para planejar e executar estratégias para os negócios e isso é um fator limitante para ampliarmos nossa percepção de mundo. O intervalo de tempo para a mudança é bem maior e a qualidade de nossa vida se traduzirá nessa evolução”, ponderou Marcus.

Siga esse cara!

https://www.facebook.com/marcusnakagawapalestrante/

http://www.marcusnakagawa.com/

img_6734

Marcus Nakagawa é professor da graduação e pós da ESPM; sócio-diretor da iSetor; idealizador e diretor administrativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

122º PCM Visão ampliada de marca: Sentir, pensar e realizar

Convidamos Gabriela e Luiz da Missemota Arquitetura e Design para o 122o Pão com Manteiga, um pão perfeito para quem se interessa por branding e comunicação. Eles nos apresentaram a “VAM” – Visão Ampliada da Marca, metodologia da Missemota Arquitetura e Design, empresa da qual são sócios.

Segundos os consultores, o propósito da VAM é conectar a marca com o negócio. Quando uma marca é fiel à promessa de exceder e superar expectativas de seus públicos, ela cumpre sua função social. Por isso, a VAM baseia-se em um conjunto de atitudes e posturas que objetivam a construção, gestão e legitimidade de uma marca junto ao mercado/sociedade, gerando valor para todos os públicos impactados por suas ações. Três esferas compõem o mapeamento da VAM: Identidade e Personalidade de Marca, Exposição e Personificação.

Marca e gestão de marca

Luiz conceitua marca como sensação, como experimento que confirma, ou desconfirma uma expectativa. Já a gestão de marca é a estruturação da experiência com essa marca por meio da materialização das ideias.

Para Gabriela e Luiz, a Comunicação Interna é parte essencial de qualquer proposta consistente de VAM. Se as marcas desejam ser verdadeiramente fortes, elas devem plantar suas bases de dentro para fora, contando com o público interno como aliado, o que hoje tornou-se condição prioritária para a sustentabilidade nos negócios. Nesse sentido, as ações não devem ficar restritas a boletins, jornais murais, comunicados, mas também estimular experiências mais consistentes para que este importante stakeholder possa exercer seu papel de embaixador da marca.

Da macro à micro visão

A VAM traz o limite do quanto deve-se agir e até aonde deve-se chegar. Procura abordar e compreender as demandas na raiz dos problemas, para a qual é necessário empatia, personificação e sensibilidade para identificar – fazer parte da causa e do efeito. Seu maior benefício é a observação de áreas que estão negligenciadas e que precisam ser trabalhadas, como o comportamento dos colaboradores, por exemplo.

Para estabelecer prioridades e primeiramente focar em ações que já tragam resultados, os consultores recomendam os “3Is”: Impacto, Investimento e Implantação. A escala entre alto e baixo determinará consequências em fazer e em não fazer.

Jornada: início, operacionalização até o ressignificado da experiência

Ressignificar é a palavra de ordem, afirmaram Gabriela e Luiz. É a nova visão da marca através de soluções para a necessidade do outro. “Não basta levantar as necessidades, é necessário se colocar no lugar do usuário, usar de empatia na fase de conhecimento do problema”.

 “As interferências externas à gestão de marca, exigem constantes revisões na VAM, por isso a jornada é aberta, os planos não são finitos, evitam começo, meio e fim. Esse tipo de trabalho só tem início, são ciclos contínuos que se reiniciam a qualquer momento e o tempo todo”, explica Luiz. Da ideia à experiência para a observação do resultado, que leva à recondução, quando há necessidade.

Gabriela de Toledo Martins e Luiz Antonio Missemota são arquitetos e sócios da Missemota Arquitetura e Design. Como profissionais, usam a experimentação para descobrir melhores caminhos, sejam eles tradicionais ou inovadores.

 

121º PCM: Como o Design Thinking pode melhorar a comunicação?

A abordagem para solucionar problemas complexos que surgiu nos anos 60, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, é denominada Design Thinking. Sua premissa inicial é conhecer mais a fundo os problemas, por meio de pesquisas, entrevistas e trabalho em campo, focada na empatia, colaboração e experimentação antes de criar soluções para eles.

O Design Thinking propõe colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto e gerar resultados que são mais desejáveis para elas, e que ao mesmo tempo, são financeiramente interessantes e tecnicamente possíveis de serem realizados. Por isso, sua influência na maneira de grandes empresas pensarem a inovação é constante.

Considera-se que o Design Thinking contrapõe dois tipos de pensamento: o analítico e o intuitivo, como também um foco distinto em trabalho organizado em iterações, colaboração, e modos abdutivos de raciocínio. Por isso, propõe uma alteração de modelos mentais, onde a mudança implica menos em dar respostas e mais em saber fazer perguntas.

Para Edgard Stuber, nosso convidado para o 121º PCM, o que está em jogo nas organizações é algo mais abrangente: a complexidade e o envolvimento do ser humano exigem novos modelos mentais que vão além da avaliação de causa e efeito para solucionar problemas. “Precisamos questionar para entender esse novo clico de mudanças, que se apresentam por meio de novos paradigmas. Então para traçar caminhos de inovação na comunicação organizacional, é preciso ir além da renovação tecnológica e trabalhar perguntas sobre os problemas”.

Inovação aplicada em várias áreas das organizações

Na avaliação de Edgard, ser criativo é ter a capacidade de resolver problemas ou de gerar ideias para solucioná-los. Já ser inovador é ter a capacidade de implementar essa solução. Uma empresa pode ser inovadora e não ser criativa e vice-versa. Portanto inovação é uma ideia que gera resultados.

A partir desse conceito, cabe perguntar: quais resultados queremos da comunicação organizacional? E foi aí que ele introduziu a força da metodologia de Design Thinking, que parte da delineação do problema. Quais são as necessidades que precisam ser atendidas, pensado na relação empresa/colaborador?

Os participantes e colaboradores das empresas Copersucar, Estre, Fundação Ezute, Vale Fertilizantes e Weber Saint-Gobain saíram do encontro com essa lição de casa.

A importância de entender os stakeholders

Se a abordagem design thinking busca a solução de problemas de forma coletiva e colaborativa, é fundamental reconhecer seus stakeholders (interessados, ou seja, as pessoas em uma perspectiva de empatia máxima.

O processo consiste em tentar mapear e mesclar a experiência cultural, a visão de mundo e os processos inseridos na vida dos indivíduos, no intuito de obter uma visão mais completa na solução de problemas e, dessa forma, melhor identificar as barreiras e gerar alternativas viáveis para transpô-las.

Desafios das empresas frente aos problemas complexos

Incertezas e ambiguidades são componentes dos cenários presentes e futuros. Inúmeras variáveis, circunstâncias ou ações relacionadas entre si, compõem leituras sob os mais diferentes aspectos. Isso define complexidade. Por isso, Edgard aplica a abordagem de design thinking para solucionar problemas complexos, além de outros processos de inovação como:

  • SCRUM dos métodos ágeis de implementação de projetos
  • MVP do Lean Startup
  • Canvas do Business Model Generation
  • Inovação de valor proveniente da estratégia do Oceano Azul

Para quem deseja experimentar, de forma geral, as fases para identificar e resolver o problema são: Exploração, Definição, Ideação e Experimentação. Para saber mais acesse: http://stuberinova.com/wp-content/uploads/2016/01/024-027-hsm115.pdf

foto-edgard_stuberEdgard Charles Stuber é Doutorando em Filosofia e foca sua pesquisa e projeto de tese na sistematização do método de inovação pela filosofia da ciência. Sua empresa, a Stuber Capacitação em Inovação (stuberinova.com) é o fruto de muitas experiências de treinamento e da implementação de diversos projetos de inovação. Desde 2010 é facilitador e capacita organizações de diferentes setores. É professor convidado na Unisinos e na Fundação Vanzolini e, com freqüência, realiza palestras de inovação e design thinking.

120º PCM: Um café dedicado ao Movimento Fotográfico

Em comemoração ao Dia Mundial da Fotografia (19/8) realizamos o 120º Pão com Manteiga a partir do seguinte questionamento: Qual o papel da imagem na Comunicação Corporativa? É possível comunicar somente pela imagem?

A celebração da data tem origem na invenção do daguerreotipo, um processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre em 1837. Outro processo fotográfico – o calótipo, inventado também em 1839 por William Fox Talbot, fez com que o ano de 1839 fosse considerado o ano da invenção da fotografia. De lá pra cá, são 177 anos vivendo cercados por imagens, já pensaram?

E nada mais lisonjeiro que chamar os próprios fotógrafos para compor nosso café. Alessandro Couto, Lilo Clareto, Marcos Muzi, Ricardo Hantzschel e Rosangela Ferraz foram convidados e homenageados. Assim como a professora de História de Arte da FAAP, Heloísa Dallari e seu marido Rubens Faria Simões.

O repertório imagético ultrapassou as demais formas de comunicação. “Vivemos uma sociedade voltada para a imagem”, acredita Hantzschel. Mas será que comunicar por meio de imagens nos leva ao uso indiscriminado do recurso fotográfico?

Para Lilo, quem faz a foto não é o equipamento e sim o olhar do fotógrafo. A introdução da tecnologia digital tem modificado drasticamente os paradigmas que norteiam o mundo da fotografia e porque não o mundo da comunicação. A simplificação dos processos ampliou e democratizou o uso da imagem fotográfica nas mais diversas aplicações. Mas há um quê de arte, de sensibilidade que está no profissional. “Fotógrafo é cargo de confiança”, endossou Muzi. Para ele, fotografia é imagem em movimento, é também olhar o passado, reviver, é nostalgia.

Dessa forma, a fotografia, à medida que se torna uma experiência cada vez mais pessoal, através dos diversos perfis de fotógrafos amadores ou profissionais, torna a realidade ficção e a ficção realidade. “Os pesquisadores do futuro terão um repertório gigante e mais dificuldade de localizar o que desejarem pelo abundante geração de imagens que temos hoje”, acredita Alessandro.

É possível comunicar somente pela imagem?

Sim, mas é claro que depende do repertório de quem a observa, concluiu o grupo. A cultura e a emoção de cada um, interfere no entendimento, por isso, a percepção da imagem é cerebral. Somos sensibilizados muito mais pela imagem do que pela realidade, acreditam.

A pauta fotográfica

Se entendemos o mundo através da imagem, qual é a pauta para essa fotografia? A busca de sentido na comunicação exige um complemento, que muitas vezes e formalmente, se expressa por legendas ou por leads de impacto para chamar a atenção ao fato retartado. A imagem do menino sírio, que correu o mundo na noite anterior ao café, poderia ser entendida como uma brincadeira de crianças, quando na verdade foi o registro de um menino sujo de pó e sangue resgatado dos escombros e levado à ambulância para atendimento. Ele é Omran Daqneesh e tem 5 anos. A partir desse registro, ele se tornou mais um ícone do momento histórico de seu país.

Qual o papel da imagem na Comunicação Corporativa?

É o mesmo papel que na sociedade. Uma imagem diz muito e pode significar mais ainda, quando devidamente aplicada. A experiência de marca deve ser completa para todos os seus públicos, mas o que se observa é uma sofisticação na definição dos guidelines de marca, não tão bem acompanhada pela definição de imagens. Há muito a conquistar nessa área, a começar por um bom briefing e pelo respeito à concepção das fotos, porque elas geram significado. Cada vez mais o universo corporativo precisa ser representado pelo o que o particulariza, pelo o que é próprio dele, com imagens específicas, não generalistas, como as que compõe bancos de imagem.

“A imagem não é de fora para dentro, é de dentro para fora”, define Lilo, assim como deve ser a construção da marca corporativa. “Uma boa foto transcende todos os sentidos”, concluiu Muzi.

E para encerrar, cada um de nossos convidado registrou o momento à sua maneira:

Alessandro Couto

Alessandro Couto

Muzi

Marcos Muzi

Rosangela Ferraz

Rosangela Ferraz

2016RetratoKlaumonBaixa-1

Ricardo Hantzschel

Um deleite para nossos olhos e um registro de mais um café da manhã com muita comunicação. A KF só tem a agradecer!

 

119º PCM: Bolhas digitais – Como atrair o colaborador para o que ele precisa saber?

O 119º Pão com Manteiga recebeu Maurício Felício, sócio presidente da Felício Comunicação e consultor em gestão e treinamentos em comunicação empresarial e business intelligence. Seu foco é desenvolver pessoas a partir do entendimento de seus comportamentos.

Conversando com Flavia Gavioli (CEVA Logistics), Alexandra Monte (Instituto Ayrton Senna), Marcia Amorim (LDC), Rodrigo Santos e Daniel Ribeiro (Sodexo), Danila Carbone (TetraPak), Elis Rosa e Beatriz Pivotto (Unisys), Tayana Santos (United Medical), Elisangela Leite (Vale Fertilizantes), Helena Fagundes (Votorantim Cimentos) e Dojival Filho, Maurício conceituou três efeitos que interferem no comportamento e por consequência na boa comunicação: a Grande Bolha, o Efeito Manada e o Viés de Confirmação.

“Comunicação é um processo de relacionamento humano e dentro das organizações temos que nos lembrar que o nosso público tem expectativas, que nem sempre enxergamos a partir do ângulo de comunicadores”, disse ele. Foi aí que o bate papo ficou sério, vejamos a seguir.

A forma como cada um deseja receber informação dá origem a bolhas personalizadas de conteúdo na web; e na comunicação interna?

A organização, como um ambiente protegido de comunicação, pode ser interpretada como uma bolha. Maurício acredita que o colaborador está sofrendo um movimento de violência diante de tantas informações que lhe são dirigidas. Aos poucos, o processo de CI foram ocupando espaço e continuamos inserindo ações, sem abrir mão de nada e exigindo cada vez mais a atenção do público interno. Seja com um mix exagerado de canais ou com campanhas, poluímos de tal forma o ambiente organizacional que o nosso cérebro reage economizando esforço em entender. Por isso excluímos emails sem ler, passamos pela Intranet sem clicar nos links e não abrimos a revista. Passamos por reuniões sem estar lá de fato, porque mantemos atenção no celular, são exemplos de nossas reações a essa violência. Apesar de sermos organismos preparados para testar limites, na sociedade contemporânea, ultrapassamos a capacidade de absorção, mesmo porque o ambiente externo e seu conteúdo, também competem pela atenção do indivíduo.

“Um desafio constante é trabalhar conteúdos relevantes e estimular um olhar diferente do padrão corporativo para vencer o efeito bolha e não se diatnciar da realidade dos fatos”, recomendou Maurício.

O medo e a crise: como o momento econômico e tecnológico gera um cenário diferente para o comunicador empresarial

Ao mesmo tempo em que a comunicação interna cria a bolha de interesse da organização, por conta da convivência coletiva ocorre o Efeito Manada, termo usado para descrever situações em que indivíduos reagem todos da mesma forma quando estão em grupo. Quando isso acontece, devido à pressão, medo, desconfiança etc., o processo comunicacional sofre boicotes e pré julgamentos, afastando nosso olhar, nossa atenção. Observamos o que está acontecendo ao nosso redor e imediatamente reagimos, sem nos aprofundar nos motivos dos fatos. Segundo Maurício, o 1º passo para tratar esse efeito, é coletar a realidade, ouvir o outro, definir soluções e depois disseminar conteúdo.

“Devemos ir além da produção de comunicados e atuar como desenvolvedores de um ambiente comunicacional. A questão é que há várias bolhas de realidade, que se sobrepõe no cotidiano das organizações. Cada funcionário tem filtros próprios para observá-las, de acordo com sua função e local de trabalho, o que exige soluções customizadas e ações segmentadas, próprias para cada situação”.

Como se dois efeitos não bastassem, Maurício ainda tratou do terceiro, o Viés de Confirmação que é a tendência humana de lembrar e interpretar informações de maneira a confirmar crenças, mas que não as aceitamos quando vivenciamos. Isso porque temos dificuldade em admitir que fizemos escolhas erradas. Por isso, as pessoas tendem a interpretar evidências ambíguas de forma a sustentar suas posições já existentes. Uma vez contratados para trabalhar, adotamos um acordo de confiança, silencioso, que implica em fazer a coisa certa. Junto do receio de perder o emprego, nos apegamos a ideias simples que reduzem o nosso entendimento sobre os objetivos estratégicos da companhia.

Maurício recomenda que estimulemos os fatos comunicáveis e que identifiquemos influenciadores entre os colaboradores para combater a Espiral do Silêncio, uma teoria da ciência política e comunicação de massa proposta em 1977 pela cientista alemã Elisabeth Noelle-Neumann, onde a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante, a da organização, no caso – devido ao medo do isolamento e das represálias, principalmente em momentos de crise.

Mauricio_PCM

Maurício Felício é Mestre em comunicação e educação pela Universidade de São Paulo, onde se graduou em Relações Públicas, concluiu Especialização em Gestão de Comunicação e Marketing, participa do programa de Doutorado e é professor conferencista para a graduação em comunicação.

118º Pão com Manteiga foi sobre Comunicação e Relações Governamentais. Trabalho em parceria para resultados efetivos

Admirável Mundo Novo 

O emblemático título do livro de Aldous Huxley, publicado em 1932, exprime com clareza a sensação que tivemos ao tomar conhecimento do trabalho realizado por Valéria Café, consultora convidada para o 118º PCM em 1º de junho. Conselheira do Instituto de Relações Governamentais, Valéria apresentou os resultados da recente Pesquisa de Reputação do Profissional de Relações Governamentais, divulgada dia 02 de maio ao mercado.

Admiramos, porque as relações governamentais colocam as organizações no diálogo com governos em prol de seu propósito e de bens e serviços justos para a sociedade. Mundo novo, porque, assim como o livro – que narra um futuro onde a sociedade é pré-condicionada a conviver em harmonia com leis e regras sociais – os respondentes da pesquisa apontaram compliance (80%), códigos de conduta (80%) e governança corporativa (70%) como as principais ferramentas da cultura organizacional para propiciar a atuação do profissional de relações governamentais. Nada da percepção de que relações governamentais é lobby feito por quem tem contatos. O verdadeiro papel a ser desenvolvido exige capacitação, informação e estratégia.

A pesquisa, realizada em parceria com a Fundamento RP, concretiza a 1ª fase de um amplo planejamento para elevar o grau de profissionalismo, competência e padrões éticos dos profissionais de relações governamentais. Composta por 71 respostas, entre diretores de Comunicação, Financeiro, Jurídico, além de Presidentes e Vice-Presidentes, demonstra a relevância da atividade e o quanto ela deve ser cada vez mais explorada, explicou Valéria.

O papel do profissional de comunicação e as práticas de compliance

Ter informação qualificada e cultivar um ambiente empresarial saudável são premissas para o planejamento de comunicação e também para o bom funcionamento das relações governamentais. Essa intersecção define o quanto ambas atividades precisam caminhar juntas, em complementariedade. Há o direcionamento para que áreas jurídicas também colaborem. Segundo Valéria, vem desta percepção de valor o ganho para a comunicação corporativa, área responsável pela determinação do conteúdo organizacional. A formulação de narrativas, a pesquisa, a interpretação de dados de inteligência de mercado, nascem na comunicação, e dela, provêm as relações governamentais de argumentos e pontos de vista críveis.

O importante é falar com os stakeholders

“É legítimo atuar pelos interesses da empresa”, afirmou Valéria. O profissional de relações governamentais contribui para que esses interesses influenciem políticas públicas capazes de fazer a sociedade evoluir e prosperar. Atua como articulador entre a iniciativa privada e a pública, esclarecendo cenários e tendências mercadológicas, explicando como setores econômicos funcionam e o que necessitam para crescer. Estar informado e ter conhecimento sobre a estratégia dos negócios é fundamental para o êxito desse relacionamento. “É um estrategista que apóia a empresa em seus objetivos de negócios”, concluiu ela.

O 118º Pão com Manteiga também recebeu Daniela Risso da Cosan, Ana Paula Vasconcelos da Fundação Ezute, Elaine Watoniki da Helibras, Thiago Silva do Hospital Albert Einstein, Gabriela Leite da Estre Ambiental, além de Carolina Simonetti e Cibelle Santos. Agradecemos a todos pela presença!

 

 Valeria Cafe 03Valeria é formada em Publicidade e Propaganda pela FAAP, com pós-graduação em Marketing pela ESPM e MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral. Trabalhou por 20 anos em empresas globais como Coca-Cola, Whirlpool, HP e J.P. Morgan nas áreas de marketing, assuntos institucionais, comunicação e sustentabilidade. Também foi consultora de marketing para o International Chamber of Commerce durante a COP 15 e COO da agência de comunicação MSL/Publicis.

 

Serviço:

O IRELGOV é primeiro instituto de relações governamentais do Brasil. Fundado em 2015 por profissionais de relações governamentais, a entidade sem fins lucrativos tem como principal objetivo elevar o grau de profissionalismo, competência e padrões éticos da atividade ao posicionar-se como um Think Tank para o setor. Para isso, está baseado em dois pilares fundamentais – reputação e educação – e nos princípios de legitimidade, legalidade, transparência e boas práticas, trazendo informações relevantes para o dia a dia do profissional, fomentando o diálogo entre os setores da economia e visando desenvolver informação e compreender as tendências do mercado. Visite http://www.irelgov.com.br

A pesquisa na íntegra: Resultados-da-1ª-fase-da-Pesquisa-de-Reputação-do-Profissional-de-Relações-Governamentais-IRELGOV-e-Fundamento-RP

 

 

Cultura e comunicação empresarial: o que os funcionários revelam na internet e como isso impacta as empresas

No 117º encontro, o Pão com Manteiga teve o Dia Internacional do Trabalho como ponto de partida e convidou a CEO da Love Mondays, Luciana Caletti, para nos fazer refletir sobre a importância da satisfação dos empregados e o que sua empresa coleta de informações úteis para gestores de pessoas e de comunicação nas organizações.

E para celebrar, a agência criou uma campanha que convida, quem desejar, a definir trabalho em uma palavra. O conjunto de palavras estará no ar dia 1º de maio. Nosso propósito foi trazer o debate sobre quais são os sentimentos mais presentes hoje no trabalho. E nada mais oportuno, do que conversar com a Love Mondays para conhecer isso.

Outra novidade foi a realização do Pão em novo espaço. Recebemos nossos convidados no Sofá Café, que fica dentro do Centro Britânico em São Paulo. Flávia Gavioli e Sidnei Lima da CEVA Logistics, Joice Andrade e Camila Engler do DIA Brasil, Juliana Freire da EDP, Thiago Silva do Hospital Albert Einstein, Tatiana Mendizabal do Instituo Akatu, além de Claudia Zanuso, João el Helou, Renata Tenório e Grasiele Brito da KF aprovaram o local.

A Love Mondays nasceu há três anos. Empreender é um grande trabalho de construção, afirmou Luciana. Para começar e com sua experiência como profissional de marketing, ela observou que não haviam informações suficientes para candidatos tomarem decisões acerca das oportunidades de emprego. Por isso pensou que a melhor fonte para se conhecer um ambiente de trabalho seriam próprios colaboradores. Com esses insights, criou a Love Mondays, dirigida por ela e mais dois sócios e hoje com uma equipe de 23 pessoas. Uma inspiração foi a Glass Door, empresa americana fundada em 2008 e pioneira nessa área.

Desejamos ser construtivos, abrindo espaço para os funcionários avaliarem as empresas para as quais trabalham e ao mesmo tempo, permitir que as empresas tomem ciência dos pontos positivos e negativos apontados por eles e se comparem com as demais do mercado nos quesitos salário e benefícios, cultura da empresa, qualidade de vida e oportunidades de carreira, explicou Luciana. Para isso, há uma escala de avaliação de 1 a 5. E em toda a avaliação, que é espontânea e anônima, há campos abertos para descrição da opinião, que contribuem para uma grande riqueza de detalhes.

Todo o conteúdo da Love Mondays é baseado em sentimento e percepção individual. O que o salário representava há um tempo, hoje é o relacionamento interno a grande fonte de felicidade. Por isso, Luciana crê que cultura e comunicação coexistem, uma reflete a outra. De forma geral, quem está satisfeito com a cultura, elogia os benefícios, a reputação da empresa e as oportunidades de progressão na carreira. Já os insatisfeitos, reclamam do salário e da falta de reconhecimento.

Para Luciana, a carreira profissional define a vida de cada um de nós, por isso é tão importante. Ela acredita que é possível ser feliz no trabalho, mas na maioria das vezes, depositamos essa expectativa sob a responsabilidade da empresa. Será isso certo?

Na escala de 1 a 5, a média de avaliação das empresas é 3,2 e a porcentagem de recomendação 72%, o que Luciana considera bem razoável. Entretanto, o números de caracteres de “contras” é 50% superior aos de caracteres “a favor”.

Mas afinal, em um mundo tão conectado, a opinião que os colaboradores expressam na internet impacta as empresas?

Como a comunidade já conta com mais de 500 mil avaliações e salários postados por funcionários de mais de 70 mil empresas, pode-se considerá-la como uma excelente fonte de informação. Além da avaliação, há um campo opcional onde os profissionais dão conselhos aos presidentes. Os mais citados são: ser mais reconhecido, exigência de que o presidente saiba o que está acontecendo na empresa, mais comunicação e ser ouvido.

Neste ano, a Love Mondays montou o 1º ranking das empresa amis amadas dentre as 70 mil cadastradas no site e que receberam mais de 50 avaliações. O Hospital Albert Einstein é uma das 50 mais amada. Para João el Helou, o site pode ser considerado um Elogie Aqui!

Para os RHs, a Love Mondays criou a pouco mais de seis meses, um serviço de atração de talentos, baseado nas satisfações expressas. Nosso site é dirigido aos profissionais que têm chance de escolher sua carreira, ajudando mais de 1 milhão de profissionais por mês a fazerem isso, conclui Luciana. Por enquanto estamos só no Brasil, mas pretendemos estender nossos serviços para Argentina e México.

Como lidar com esses novos formadores de opinião e como as decisões são tomadas internamente?

A comunicação é a chave para a satisfação dos funcionários. As avaliações mostram que os funcionários querem mais informações da empresa para eles, depois entre os colegas, como também entre os departamentos. Continuam faltando canais internos para ouvir os funcionários. Os sentimentos coletados, principalmente pelos campos abertos, mostram a tendência de que aplicar sua personalidade no trabalho é bem-vindo, ou seja, dar espaço para que os profissionais sejam autênticos. E nada de pensar em vida profissional separada de vida pessoal. A vida é uma só e é para ser vivida com satisfação e qualidade.

Luciana acredita que um próximo passo será avaliar a satisfação coma liderança, quesito mandatório para uma boa gestão.

 

foto perfil Luciana Caletti jan 2016

Luciana Caletti é co-fundadora e CEO da Love Mondays, a maior comunidade de carreiras do Brasil. É bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem MBA na Universidade de Oxford. Antes de realizar o seu sonho de empreender, Luciana trabalhou como gerente de marca na Johnson & Johnson e como consultora de gestão na Capgemini Consulting, ambos na Inglaterra.

www.lovemondays.com.br

(11) 3071 3385

luciana@lovemondays.com.br